terça-feira, 30 de junho de 2015

"A Festas"

Olá macacos! Macacos e macacas, que eu não discrimino ninguém. Discriminar é coisa de panisgas e eu tenho mais que fazer do que discriminar, "nom éãh ?". Sim, terminei a frase anterior com uma nota final relativa ao sotaque do Norte. Ou, como eu o costumo chamar: o verdadeiro sotaque português! "Eissshh, mas o que é isso Pau Lu? Então ainda há pouco dizias que não discriminavas ninguém, que isso era coisa panisgas e não sei quê, e agora dizes que o sotaque do Norte é "O" Sotaque Português?! Em que é que ficamos afinal??" Meus amigos, vamos lá mas é sossegar essa franga, que eu não estou a curtir esse tom. OK? Prooonto, agora que estamos mais calmos passo a explicar. Toda a gente sabe que Portugal começou em Guimarães e que o D. Afonso Henriques foi por aí a baixo. Quanto mais a sul ele ia, mais "as gentes" tinham os cantos dos lábios cozidos. A razão deste facto até hoje ainda ninguém percebeu bem qual é, mas lá que é verdade, é sim senhor. Daí aquele sotaque mais "fechádu" que hoje em dia culmina na capital. Capital esta a que os seus nativos se referem como "Lesbôa". A verdade, ou melhor, a "minha verdade" é que desde pequeno que vivo no norte e é natural que este sotaque seja o normal para a minha pessoa. Já agora, por falar em pronúncia do Norte não posso deixar de referir uns aspectos relativos aquela que é a MELHOR FESTA das festas dos santos portugueses que é feita no NORTE e onde a folia, a alegria e as marteladas reinam:

O São Pedro em Espinho !

Brutal! Inesquecível! As barraquinhas (especial destaque para a melhor, que se intitulava "DANOKAS"), o convívio saudável entre pessoas distintas, o porco no espeto, a alegria desmesurada dos Espinhenses banhada em álcool, o concerto do Mikael Carreira onde este disse que "o público de Espinho foi, sem dúvida, um dos melhores de sempre!", a risada geral que veio a seguir a essa anedota, e claro, o fogo de artifício! Estes foram sem dúvida os aspectos memoráveis que tornaram esta na melhor festarola e a mais rica em folia, na minha modesta opinião, claro. "Mas então e as marteladas Pau Lu? Essa tradição não existe em Espinho!" - Lá estão eles a ranhosar outra vez. Existe sim, suas bestas! Há sempre alguém que ainda embriagado da noite de São João aparece com um martelo na mão a pensar que o São João ainda não acabou e que tragicamente acaba sendo ele martelado pelos espinhenses que não gostam de festas e que estão fartos delas, porque querem é dormir que amanha é dia de trabalho!

A segunda melhor de todas a festas dos Santos foi, obviamente, o São João.

Na noite de São João saí, comi sardinhas, ajudei a lançar balões, vi o fogo de artifício e depois juntei-me à molhada de pessoas que andavam pela baixa para ver o fogo e a folia. A dada altura sou abordado por uma senhora estrangeira que, um pouco confusa com aquela maluqueira toda, me perguntou o que é que se passava, que dia era este e qual o seu significado. Foi aí que me apercebi do quão ridículo é tentar explicar a uma pessoa de fora o feriado do São João no Porto. A verdade é que já tinha pensado nisso e já me tinham explicado, mas já foi há tanto tempo que eu não me lembrava. "So, basically this is the day that everyone in Oporto wonders around the city hammering each other and lauching baloons. Oh, and we eat sardines too." - Disse eu. "But... Why?" - disse ela. Sim, foi ridículo. Nunca me senti tão ignorante. Então decidi investigar.


Após a investigação concluí que esta festa é de origem pagã, que foi cristianizada pela igreja católica e que é rica em rituais cujo objectivo é tornarem os homens e as mulheres férteis. Mas continuo sem saber bem qual é a cena do balão. Suponho que seja uma espécie de grande final dos rituais todos, em que depois de se bater com alho-porro (ou martelos) na cabeça, depois de se esfregar os ramos de folhinhas de cidreira e de limão, e depois de se saltar por cima de fogueiras, o homem ou a mulher pega no balão, acende-o, e eleva-o como uma espécie de mensagem para Deus que diz: "Olá. Eu sou o Pau Lu e depois destes saltos mortais, marteladas e esfreganços todos, é bom que eu seja fértil ! Se não tudo isto para além de estúpido e desagradável, foi completamente em vão."

E agora vocês perguntam: "Oh Pi Lan Tra, ainda não percebi como é possível achares que a festa do São Pedro em Espinho tenha sido, de longe, melhor que a do São João no Porto. Vais explicar isso ou é uma daquela verdades absolutas inquestionáveis?" - É. Mas eu posso-vos a elucidar um pouco dizendo que houve dois factores decisivos nessa escolha: 1º. O espaço, ou no caso do São João, a falta dele. As ruas estavam cheias, não havia taxis na baixa e era impossível circular na estação de São Bento que parecia uma tenda electrónica de um festival de verão cheia de gente ensanduichada a atropelar-se para entrar nos comboios; 2º. E para terminar, quem não sabe fica já a saber que em Espinho, para além de haver espaço com fartura, toda a gente sabe que o público é o melhor do mundo! O Mikael Carreira que o diga.

1 comentário:

  1. Ola chamo-me Sebastiao e sou feirante. Adoro festas e romarias. Do mondego para cima, corro-as todas com a minha roulote. Vendo churros, farturas simples e farturas recheadas com nhanha as cores.

    Mas para mim o Sao Joao e o Sao Pedro, nao sao festas populares mas sim ajuntamentos de gente. Uma festa para ser como deve ser tem de ter: - Procissoes que passam debaixo de arcos em madeira, foguetes, tapetes de flores, bombeiros com bombos, conjuntos musicais com bailarinas tesudas, Gigantones, Cabeçudos, Pessoas bebadas e zaragatas.

    As tradicoes sao muitos importantes. Matar touros a espadada, queimar gatos vivos ou esfregar fezes de porco nas vistinhas, em homenagem a nossa senhora da vista alegre, sao tradicoes lindissimas que devem ser mantidas. Normalmente, comeco todos os anos em Maio na Bemposta nas festas em honra de nossa senhora da cremalheira arreganhada, e acabo em Setembro em Arouca na festas em honra da Santa Eufemia dos aflitos.

    Na roulote, e' a minha mulher trata de tudo. De vender, de dar o troco, e de cortar as farturas e os churros enquando eles borbulham no oleo a ferver. Ela tambem esta encarregada de me espalhar biafine nas queimaduras do meu coto. O meu filho mais velho, o Luis, so' enfia a nhanha dentro das farturas. Nao lhe posso dar muitas tarefas porque volta e meia chamam-no para ir fazer de cabeçudo e ele tem de ir a correr.

    O meu unico trabalho e' expremer a bisnagueira contra peito enquanto vejo a massa ser extrudida em pleno oleo. Para expremer a bisnagueira contra o peito uso o unico toco que me resta. Amputei um bracinho porque o meu braco ficou desvitalizado nas festas de nossa senhora do Calhau enquanto carregava um andor de 750 kg cheiinho de flores lindas e um Pedragulho. E perdi uma maozinha enquanto lancava foguetes nas festas em homenagem de Nossa Senhora das Neves da Porta aberta.

    De Maio a Setembro nao tomamos banho e alimento-me a base de farturas, bifanas e copos de vinho. O meu ultimo AVC foi a semana passada nas festas da nossa senhora dos remedios e dos desamparados em guisande. Sou surdo e cego de um olho derivado dos foguetes. Ja disse a minha mulher que o nosso filho mais novo sandro e' quem vai tomar conta do negocio. Espero que para o ano quando eu fizer 35anos ele ja esteja a frente da bisnagueira. O Luis como de vez em quando tem de fazer de cabeçudo nao pode assumir compromissos importantes.

    Mas o sandro e' destemido. De vez em quando vai a caixa registadora roubar o dinheiro. Diz ele que e' para comprar fichas po's carrinhos. Aquilo deve ser perigoso. Ele vem de la com os bracos todos picadinhos. Ja lhe disse: "O' Sandro vai mas e' para o bombeiros filho. Assim um dia podes ir na frente da procissao a mandar estouros no bombo e a atirar o pau do bombo a rodar no ar. Ja viste que orgulho nos davas". Mas ele num quer saber...

    Cumprimentos para voces,
    Sebastiao

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