quarta-feira, 11 de novembro de 2020

 Ronald McDonald Trump


Ronald McDonald Trump era um palhacito que gostava muito de ser o centro das atenções e de dar o seu show sempre que tinha alguém disposto a ouvi-lo.

Certo dia, Ronald McDonald Trump e o seu amigo Mike Pence descobriram uma lotaria especial que existe apenas de 4 em 4 anos. Em tom de brincadeira Ronald McDonald Trump comprou uma rifa apostando com o seu amigo Mike Pence que iria ganhar, pois tinha nascido para ser um vencedor.

O que é certo é que ganhou. E o prémio era nem mais, nem menos que uma bicicleta. Mas atenção, uma das boas, daquelas com suspensão à frente e no quadro, com travão de disco e um assento glorioso daqueles com uma bifurcação à frente abrindo alas para a gigantesca tomatada do vencedor.

Durante 4 anos Ronald McDonald Trump usou, abusou e testou todos os limites da bicicleta que lhe saiu na rifa. Passou sinais vermelhos, conduziu em contramão na auto-estrada, atropelou pessoas, animais inocentes parando a meio das viagens para se aliviar em fontes de água potável. Tudo isto alegando que a bicicleta era dele por direito e que podia fazer com ela o que queria, porque ELE TEM SEMPRE RAZÃO!

No final do 4º ano havia apenas dois tipos de opiniões em relação a Ronald McDonald Trump: uns adoravam-no, riam-se e apoiavam tudo o que fazia, e outros viviam revoltados com a infantilidade, egoísmo, falta de respeito e empatia que este destilava para com o mundo e os outros.

Assim que começou a venda de rifas da nova lotaria, Ronald McDonald Trump, apostou novamente com o seu amigo Mike Pence que voltaria a ganhar e que seria um vencedor incontestável. Mas desta vez foi ainda mais longe alegando que se não vencesse seria uma injustiça inqualificável.

Uma vez anunciado um novo vencedor Ronald McDonald Trump ouve tudo menos o seu nome e fica em negação. Ronald sabe que a bicicleta que ganhou há 4 anos está gasta e já não anda, mas a revolta interior impede-o de permitir que o novo vencedor fique com a nova bicicleta.

O problema é que Ronald não entende que o seu tempo de gozar a vitória e o prémio já passou e que agora chegou o momento de um novo vencedor adulto e maduro assumir a condução da nova bicicleta de forma responsável e inteligente dando o exemplo aos outros, contribuindo para uma sociedade e mundo melhores com base na sensatez, compreensão e tolerância.

Resta agora saber se Ronald McDonald Trump é capaz de fazer uma auto-avaliação, encarar a realidade e mudar de atitude ou se vai continuar a chorar que nem um palhaço triste enquanto olha para o seu umbigo e ignora o facto do novo vencedor representar um sinal de esperança. Uma luz ao fundo deste túnel negro chamado Coronavirus.

Por muito obvia que seja esta última a sua escolha final, há um facto que é inegável: Ronald McDonald Trump foi derrotado. Temos pena. É lidar. Que saia o palhaço e entre o Líder !



sábado, 28 de março de 2020

Que se lixe a quarentena, sou um idoso !

Olá amigos.

O meu periquito teve uma hérnia. Tive que o levar ao Veterinário e a tartaruga ficou amuada, porque diz que está com dores no ouvido há mais de duas semanas e que eu nunca lhe dou atenção. Por vezes é difícil gerir estes egos inflamados de quem está habituado a que lhe façam tudo. Mas enfim, entretanto comprei-lhe um stock novo de ração de camarão da costa e já está tudo bem. Não há nada que uma boa mariscada não resolva.

Bom, uma vez justificada a nossa breve ausência, vou prosseguir para o tema seguinte.

Então esse início de ano? Está bom?
Essa família toda junta em casa 24horas, 7 dias por semana, heim? Tudo em paz e harmonia?
E essa vida conjugal? Está forte, não está!? Claro que sim.

Vivemos tempos difíceis encafuados em casa sem poder sair, a não ser que seja por motivos de força maior, como comprar bens essenciais.

Hoje partilho convosco um episódio peculiar que se passou comigo ontem.

Já me encontro em cativeiro há 14 dias. Como não quero ser o gajo que chega ao mercado e estende o braço para mandar todo o conteúdo da prateleira para dentro do carrinho de compras, tenho optado por comprar os bens necessários de forma faseada. Como as pessoas civilizadas devem fazer. Até aqui tudo bem. Acontece que ontem tinha a missão de comprar alguma comida que faltava em casa. No primeiro local onde me desloquei estavam 3 pessoas presentes. Segundo o aviso que figurava na porta do estabelecimento só devem estar 3 pessoas lá dentro. Quem chegar entretanto, terá que esperar civilizadamente à porta e com aquela distância higiénica de DOIS METROS em relação ao próximo ou à próxima.

Assim que uma senhora sai, eu entro e dou início ao processo da aquisição moderada e responsável de bens essenciais. Objectivo: comprar pão, fruta e legumes! Brócolos incluídos. De preferência tudo isto, mas sem apanhar o Covid-19.

Enquanto estou a ensacar fortemente uns brócolos mutantes, carnudos e raçudos esta pequena alegria é interpelada pela voz de uma senhora na casa dos 60 anos que diz "Ai, tenho que me despachar antes que a minha filha chegue a casa, que ela não pode saber que eu estou aqui!".

De repente lembrei-me da regra dos 3 na loja e conto com a senhora um total de 4 mamíferos dentro da mesma. Sinto alguma indignação, mas lembro-me: "O que é isto comparado com o derradeiro acto de rebeldia desta senhora contra a sua própria filha? Nem preciso conhecer a senhora ou a filha para ter a certeza de que vai haver uma discussão bastante acesa sobre este episódio. Respiro fundo, e continuo a minha missão prometendo a mim próprio que não vale a pena dialogar com uma pessoa destas por ser uma perda total de tempo.

Enfim, saio do míni mercado onde adquiri alguma fruta e alguns legumes e sigo para outro para buscar as compras que me faltavam.

Neste local valia tudo. Aproximei-me da porta para ver se estavam reunidas as condições para entrar. Não havia maneira de saber quantas pessoas estavam lá dentro a não ser que alguém me desse essa informação. Nisto surge uma senhora que lá trabalha e que me dá permissão para avançar. Tudo bem. Quando entro reparo que somos 5 lá dentro. Controlo-me para não berrar com todos "MAS VOCÊS SÃO MALUCOS OU QUÊ? ESTÃO MAIS DE 3 PESSOAS AQUI DENTRO!!!"- mas o bom senso ditou que ficasse calado e terminasse a minha missão rapidamente de preferência sem percalços. Tento manter a calma e movimento-me para zonas onde não há pessoas. Nisto, outra senhora passa por mim de raspão. Todo um roço completamente desnecessário e ILEGAL.

Dirijo-me para a caixa com algum nervosismo. Se a minha vida fosse um jogo a barra da ansiedade estava no máximo. Enquanto coloco os meus itens na caixa sinto uma presença forte atrás de mim. Era uma senhora algures entre os 60 e os 70 anos. Nervoso, mais uma vez decidi não chatear-me, nem dizer nada. Simplesmente afastei-me. Pouco depois diz ela ao senhor da caixa "A minha filha nem sonha que eu estou aqui. Nem precisa de saber." - e diz o empregado "Pois ela de facto já o disse várias vezes."

Não será este acto de rebeldia por parte da terceira idade uma vingança para com os seus próprios filhos, por todo o drama e sofrimento que estes lhes fizeram passar? Um acto de vingança sem qualquer tipo de misericórdia.

Foi preciso vir uma pandemia para que os idósos que só queriam estar pacatamente em casa de pantufas e roupão sem que ninguém lhes chateasse, se transformassem em adolescentes rebeldes que adoram contrariar... os filhos!".

"QUE SE LIXE A QUARENTENA!  SOU UM IDOSO ADOLESCENTE. EU É QUE SEI !"

Ou será esta uma forma retorcida da natureza fazer a selecção natural da espécie humana?
Isto dá que pensar...

Entretanto, não se esqueçam de ficar em casa. É a única forma disto passar rápido.

quarta-feira, 23 de maio de 2018

Tou sim?? É pra falar cos utilizadores, fachabor!

Como é que é, minhas francesinhas de pão mole com salsicha fresca e fiambre da perna extra? Tudo naicings in the toppings?
Estavam com saudades minhas ou pensavam que o Pau Lú já tinha ido desta pra' melhor?
Resolvi tirar umas férias do blogue.

Não sei se já tinham reparado, mas sabem como é a vida de blogger: os likes, a fama, as gajas, e o dinheiro... que é absolutamente impossível de ganhar com isto, claro. A pressão sofucante do sucesso deste blog estava dar cabo de mim, de tal forma que optei pelo caminho mais fácil. Enterrei-me no BACALHAU (como bom tuga que sou) e fui de férias. 3 anos pareceu-me ser o tempo necessário para arrumar as ideias e definir uma estratégia séria para este projecto, que prima pela sua profunda capacidade intelectual de explorar as pequenas nuances da estupidez humana. Hhmmm...tãaaao bom...

Durante estas férias a vida continuou. Mas a estupidez e brutalidade do ser humano andaram de mãos dadas e quase nunca deram tréguas. Gosto de pensar que a vida melhorou e que o futuro é uma caixinha de surpresas agradáveis. Por outro lado, não só o Trump foi eleito presidente das Américas Unidas, como para surpresa de todos, Portugal tornou-se estupidamente popular e buéda trendy. Ele é campeão europeu da bola, melhor jogador do mundo a jogar à bola, campeão da bola na vertente do salão da madeira polidinha, campeão do festival europeu da palhaçá... -perdão- da canção, campeão do turismo, campeão do turismo na vertente trendy, campeão da restauração na vertente fancy, campeão das hamburguerias gourmet na vertente de "vamos abrir mais uma só pra ver o que acontece. Pode ser que pegue." Enfim.

Tenho saudades daquele tempo em que ser Português era uma desgraça. O tempo em que reinava o fado e um sofrimento altamente depressivo. Das inexplicáveis e variadíssimas esperanças utópicas que eram colocadas na seleção tuga da bola e depois ve-los morrer na praia por causa da mão do Abel Xavier ou dos Gregos - que ainda hoje se devem questionar como é possível terem ganho aquele europeu em 2004. Saudades também daquele tempo em que não era fixe dizer que se curtia ouvir bandas portuguesas porque era super foleiro e buéda fatela. Saudades de dizer que sou português e de me perguntarem em que zona do brazil é que isso fica. Ou de dizerem que Portugal é fixe mas que a cidade espanhola mais bonita é sem dúvida nenhuma Barcelona. Ok, se calhar estou a exagerar, e isto de Portugal estar na moda até nem é nada mau para a ecónomia..blah blah blah, mas rendas baixas que é bom NADA!

Enfim, a vida é assim mesmo meus amigos. E nem tudo na vida é um mar de rosas. Pode ser um mar de Silvas. Uma multidão de gajos todos com o mesmo nome a lutar contra a vaga de popularidade da Tugólandia.

E é por essa razão que eu e a minha sócia ainda não reunímos para falar sobre estes temas e produzir coisas não só no geral, como também no particular, para este lugar estranho das internetes. Mas vamos certamente reunir num futuro MUITO próximo para vos presentear com publicações sobre temas variádos e partilhar convosco tudo o que vai nas nossas mentes perturbadas e contorcidas.

Por isso preparem-se, amigos. Vem aí o apocalipse.

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Eu também tenho um Sonho!

OLÁ!
Eu tenho um sonho. Tal como o Martin Luther King tenho um. A diferença é que o sonho dele era a igualdade de direitos entre pessoas de diferentes raças e géneros sexuais. Já o meu, talvez um pouco menos complexo mas igualmente importante para o nosso país, tem um objectivo claro de tornar a televisão portuguesa um bocadinho menos má, que se divide em quatro partes e consiste no seguinte: 

1º. Colocar duas bombas, uma na CMTV e outra na TVI de forma a rebentar com aquilo tudo (Casa dos Segredos incluída).

2º. Dar uma pancada na cabeça do Fernando Mendes de forma a que este desmaie.

3º. Usar um guindaste para pegar nele e coloca-lo no estúdio do Preço Certo com um espelho à sua frente, de forma a que ele acorde e se veja todo pelado, apenas com um daqueles cones que se põe no pescoço dos cães (para não se lamberem) e uma bóia (XXL, claro) em forma de pato à cintura; 

4º. Deixar lá um papel que diz:

"Olá Fernando. I want to play a game. Tu não me conheces, mas eu conheço-te à anos sem nunca ter feito questão de te conhecer. Há anos que apresentas o Preço Certo e há anos que nós (pessoas que involuntariamente levam contigo na TV antes do telejornal) te vêmos a engordar progressivamente à pala das comidas que os concorrentes te oferecem. Considera isto como um exercício de libertação tanto para ti como para nós. Como já deves ter reparado, no teu tornozelo tens uma corda presa à tua perna que na outra ponta está presa a outra perna de outro presunto gordoroso. É natural que a tua primeira reação a tudo isto seja dares umas valentes trincas no presunto, mas como na vida nem tudo é um mar de rosas, é importante saberes que neste momento tenho dois snipers a apontar para ti de forma a evitar que tal javardice aconteça. Posto isto, Fernando, o que tens a fazer é o seguinte. Tens que pegar nesse taco de baseball que aí tens e destruír o cenario TODO do programa. Todinho. Depois deslocas-te ao exterior onde terás um pequeno pónei cor-de-rosa, que terás de montar e que te vai levar até às docas onde tens uma jangada com o José Castelo Branco à tua espera. Também ele tem um sniper escondido algures a apontar para ele e pronto a disparar. Isto caso tu não consigas cumprir esta missão, claro. Assim que conseguires lá chegar, o vosso objectivo é  remarem com toda a força em direcção aos Estados Unidos da America, onde eu tenho a certeza absoluta que vocês se vão dar lindamente tanto a nível profissional como mediático. Porque só nos E.U.A. é que um actor/apresentador obeso e uma pessoa com níveis de extravagancia elevadíssimos que não perde uma oportunidade de aparecer em eventos sociais, na TV e nas revistas cor-de-rosa, têm a possíbilidade de fazerem com essas suascaracterísticas uma carreira melhor sucedida do que em Portugal. No fundo estamos apenas a zelar pelo vosso interesse sem nunnca esquécer que o nósso está em primeiro lugar, claro ;P

Obrigado pela compreensão.

Os nossos sinceros cumprimentos.

Ass: Pau Lu Pi Lan Tra e 10 999 999 Cidadãos Portugueses"

Aqui está um momento GUGU DADA ZEN que não só pode inspirar o Fernando como também exemplifica na perfeição qual a maneira mais prudente e racional de terminar um programa de TV que já está à demasiado tempo no ar:




quarta-feira, 8 de julho de 2015

O Boneco Amarelo

Hoje temos não 1, não 2, nem 3, mas sim 4 Momentos GUGU DADA ZEN!
Muitos conhecem Rui Unas, vulgo "O LOOOOOOOOOORDE", como o gajo que apresentou o Cabaret da Coxa ou A Ultima Ceia. Alguns lembram-se dele no Vale Tudo, outros dele na Floribela ou noutras novelas. Para mim Rui Unas é o do Curto Circuito na sua versão mais oldschool, na altura do CNL (o Extinto Canal de Notícias de Lisboa) que depois passou para a Sic Radical. Quem viu nesta altura sabe que uma das melhores razões para assistir ao programa era a turbulenta relação entre Unas e o mítico Boneco Amarelo. É em tom de homenagem a esses momentos riquíssimos em loucura sentimental, absurda e viciante, que resolvi fazer um combo de momentos GUGU DADA ZEN sobre aquela que foi uma das maiores e mais hilariantes odisseias da Televisão por Cabo portuguesa:


GUGU JÁDEU !

terça-feira, 30 de junho de 2015

"A Festas"

Olá macacos! Macacos e macacas, que eu não discrimino ninguém. Discriminar é coisa de panisgas e eu tenho mais que fazer do que discriminar, "nom éãh ?". Sim, terminei a frase anterior com uma nota final relativa ao sotaque do Norte. Ou, como eu o costumo chamar: o verdadeiro sotaque português! "Eissshh, mas o que é isso Pau Lu? Então ainda há pouco dizias que não discriminavas ninguém, que isso era coisa panisgas e não sei quê, e agora dizes que o sotaque do Norte é "O" Sotaque Português?! Em que é que ficamos afinal??" Meus amigos, vamos lá mas é sossegar essa franga, que eu não estou a curtir esse tom. OK? Prooonto, agora que estamos mais calmos passo a explicar. Toda a gente sabe que Portugal começou em Guimarães e que o D. Afonso Henriques foi por aí a baixo. Quanto mais a sul ele ia, mais "as gentes" tinham os cantos dos lábios cozidos. A razão deste facto até hoje ainda ninguém percebeu bem qual é, mas lá que é verdade, é sim senhor. Daí aquele sotaque mais "fechádu" que hoje em dia culmina na capital. Capital esta a que os seus nativos se referem como "Lesbôa". A verdade, ou melhor, a "minha verdade" é que desde pequeno que vivo no norte e é natural que este sotaque seja o normal para a minha pessoa. Já agora, por falar em pronúncia do Norte não posso deixar de referir uns aspectos relativos aquela que é a MELHOR FESTA das festas dos santos portugueses que é feita no NORTE e onde a folia, a alegria e as marteladas reinam:

O São Pedro em Espinho !

Brutal! Inesquecível! As barraquinhas (especial destaque para a melhor, que se intitulava "DANOKAS"), o convívio saudável entre pessoas distintas, o porco no espeto, a alegria desmesurada dos Espinhenses banhada em álcool, o concerto do Mikael Carreira onde este disse que "o público de Espinho foi, sem dúvida, um dos melhores de sempre!", a risada geral que veio a seguir a essa anedota, e claro, o fogo de artifício! Estes foram sem dúvida os aspectos memoráveis que tornaram esta na melhor festarola e a mais rica em folia, na minha modesta opinião, claro. "Mas então e as marteladas Pau Lu? Essa tradição não existe em Espinho!" - Lá estão eles a ranhosar outra vez. Existe sim, suas bestas! Há sempre alguém que ainda embriagado da noite de São João aparece com um martelo na mão a pensar que o São João ainda não acabou e que tragicamente acaba sendo ele martelado pelos espinhenses que não gostam de festas e que estão fartos delas, porque querem é dormir que amanha é dia de trabalho!

A segunda melhor de todas a festas dos Santos foi, obviamente, o São João.

Na noite de São João saí, comi sardinhas, ajudei a lançar balões, vi o fogo de artifício e depois juntei-me à molhada de pessoas que andavam pela baixa para ver o fogo e a folia. A dada altura sou abordado por uma senhora estrangeira que, um pouco confusa com aquela maluqueira toda, me perguntou o que é que se passava, que dia era este e qual o seu significado. Foi aí que me apercebi do quão ridículo é tentar explicar a uma pessoa de fora o feriado do São João no Porto. A verdade é que já tinha pensado nisso e já me tinham explicado, mas já foi há tanto tempo que eu não me lembrava. "So, basically this is the day that everyone in Oporto wonders around the city hammering each other and lauching baloons. Oh, and we eat sardines too." - Disse eu. "But... Why?" - disse ela. Sim, foi ridículo. Nunca me senti tão ignorante. Então decidi investigar.


Após a investigação concluí que esta festa é de origem pagã, que foi cristianizada pela igreja católica e que é rica em rituais cujo objectivo é tornarem os homens e as mulheres férteis. Mas continuo sem saber bem qual é a cena do balão. Suponho que seja uma espécie de grande final dos rituais todos, em que depois de se bater com alho-porro (ou martelos) na cabeça, depois de se esfregar os ramos de folhinhas de cidreira e de limão, e depois de se saltar por cima de fogueiras, o homem ou a mulher pega no balão, acende-o, e eleva-o como uma espécie de mensagem para Deus que diz: "Olá. Eu sou o Pau Lu e depois destes saltos mortais, marteladas e esfreganços todos, é bom que eu seja fértil ! Se não tudo isto para além de estúpido e desagradável, foi completamente em vão."

E agora vocês perguntam: "Oh Pi Lan Tra, ainda não percebi como é possível achares que a festa do São Pedro em Espinho tenha sido, de longe, melhor que a do São João no Porto. Vais explicar isso ou é uma daquela verdades absolutas inquestionáveis?" - É. Mas eu posso-vos a elucidar um pouco dizendo que houve dois factores decisivos nessa escolha: 1º. O espaço, ou no caso do São João, a falta dele. As ruas estavam cheias, não havia taxis na baixa e era impossível circular na estação de São Bento que parecia uma tenda electrónica de um festival de verão cheia de gente ensanduichada a atropelar-se para entrar nos comboios; 2º. E para terminar, quem não sabe fica já a saber que em Espinho, para além de haver espaço com fartura, toda a gente sabe que o público é o melhor do mundo! O Mikael Carreira que o diga.

terça-feira, 23 de junho de 2015

Singularidades de um idoso particular

Às vezes ponho-me a pensar em coisas. Coisas no geral e no particular. Coisas particularmente estúpidas. Alguns dirão até que são coisas sem assunto ou perfeitamente irrelevantes. Efectivamente penso. E não é que de vez em quando até chego a algumas conclusões interessantes? Por exemplo, no outro dia ouvi um senhor idoso falar e pensei "Um dia vou pegar naquele homem, amordaçá-lo, atá-lo com uma corda a uma cadeira e vou-lhe dar aquilo que ele merece... Uma lição de português!". E perguntam vocês "Ãh? Então porquê, Pau Lu?" - Que remédio tenho eu se não explicar, não é, suas bestas?! Bom, se calhar começo por fazê-lo questionando-vos o seguinte: O que é que alguns idosos e alguns luso-africanos têm em comum?


(Pausa para uma reflexão sobre esta questão insólita)


Resposta: Uma maneira muito particular de falar. Ligeiramente diferente daquilo a que estamos habituados. Ligeira e subtil. Nunca pude deixar de notar que alguns idosos dizem coisas, involuntariamente hilariantes, como por exemplo: "Oh Quim, chega-me aí o meu ténes para eu ver se mato o ratos que estão lá em baixo na caves. E já agora se puderes traz-me aqui a rolhas para eu tapar esta garrafas que abrimos ao jantar. Não tás a ver home? Ela estão ali no chão perto da cadeiras, seu cegueta. Ah e traz também o guardanapos e o panos já que tás aí, oh!" - Se calhar estou sozinho nisto, mas eu acho profundamente delicioso o pormenor de começarem por referir-se ao nome de um objecto qualquer no singular, e acabarem por dizê-lo no plural. Por outro lado, também não pude deixar de reparar que alguns luso-africanos, fazem exactamente o contrário. Por exemplo: "Oh Kimbé, chega aí os meu téni pra eu ver se mato os rato qui estão lá em baixo nas cave. E já agora se puder traz-me aqui as rolha pra eu tapar estas garrafa que abrimo pró jantar. Nô tás a ver, mano? Elas estão ali no chão perto das cadeira, seu cegueta do caraças. Ah e traz os guardanapoos pano também já qui tá aí, óh." - Não acham isto engraçado e um bocado irritante até? Que estupidez a minha. Nem sei porque perguntei isto. Na realidade o que vocês acham não me interessa para nada. Bom, isto é apenas um exemplo de algo que me passa pela cabeça quando me sento no trono de um WC e dou início a uma profunda meditação sobre as questões filosóficas relativas ao mundo e às pessoas que o habitam.
Já agora, a propósito de idosos, não posso deixar de relatar um episódio que me aconteceu há uns anos, que me intrigou e me pôs a pensar. Uma vez estava num café com uma amiga e começou a dar uma notícia na TV sobre o cortejo do "orgulho gay". Numa das mesas do lado comecei a ouvir aquilo que parecia ser um urso a balbucear. Depois percebi que era um idoso, podre de bêbado a tentar comunicar algo do género: "ESTES PANELEIROS PÁ! CAMBADA DE RABIXAS. ERA QUEM OS MATASSE A TODOS!" - automaticamente saiu-me "Mas, porquê? Já foi violado por um?" - ao que ele diz "Err...O QUÊ??? Tás maluco rapaz!?!? Seu insurrecto!" E lá continuou ele a arrotar postas de pescada pela boca fora até que o pior ainda estava para vir. Juro pelos meus Brócolos sagrados que de seguida ele disse literalmente isto:

"PORQUE EU E UM AMIGO MEU, UMA VEZ CONHECEMOS UM FULANO QUE ERA UM RABIXOLAS. E SABES O QUE É QUE LHE FIZEMOS RAPAZ? SABES? PEGAMOS NELE. LEVAMO-LO A UM BOSQUE. PEGAMOS EM SILVAS. E ESFREGAMO-LHAS NO CU, PARA ELE APRENDER QUE ESSAS MERDAS NÃO SÃO COISAS DE HOMEM!

Antes de mais, um minuto de silêncio pelo homem que não tinha culpa de ser gay e que graças a isso adquiriu forçosamente umas valentes cicatrizes no seu bem mais precioso (pelo menos para alguns, mais propriamente os passivos).

A questão pertinente que qualquer preconceituoso se recusa a compreender é a seguinte: Da mesma forma que ninguém quer saber dos hábitos e tendências sexuais dele, ele não têm nada a ver, nem que opinar sobre os hábitos e tendências sexuais dos gays (homossexuais e lésbicas). Porquê? Porque se tratam de pormenores da vida intima e privada das pessoas. Da ultima vez que verifiquei, uma das principais bases da democracia era a seguinte máxima: A minha liberdade termina onde começa a do outro. "Ah, mas então Pau Lu, não achas que isso cai por terra quando um homem resolve entrar pela liberdade do outro a dentro? O que tens tu a dizer sobre esta questão da penetração da liberdade dos outros, heim?" - Tenho a dizer que vocês para além de bestas e de brejeiros, são ignorantes!

Da próxima vez que ouvir um idoso ou qualquer outra pessoa a dizer que não gosta de "paneleiros" nem de "fufas" já sei o que fazer. Imobilizo-o, amordaço-o, levo-o para um bosque e pergunto: "Então diz lá, oh velhadas, quero saber quais são as tuas posições sexuais favoritas para ver se me agradam ou não. Se não agradarem estás tramado, que eu vou ficar aqui a noite toda a fazer bulying e a esfregar-te com estas silvas na boca, na pila e nesse rabo peludo que é para aprenderes a não te meteres na vida privada dos outros e para ver se aprendes a deixar de ser preconceituoso em relação aos gays... que essas merdas que tu dizes não são coisas de Homem, pá!".